Pio Rambo é descendente de alemães da 5ª geração e seus antecedentes vieram ao Brasil em 1827. Ele diz estar sempre ligado à pessoas que cultuam as raízes germânicas e, por aí, seu gosto pela música germânica passou a crescer cada vez mais.
Em entrevista à Geile Musik, Pio conta tudo sobre o melhor do cenário musical alemão e como fez o Hallo Freunde ser um dos programas de maior audiência da Rádio Comunitária Caiense (RCC - São Sebastião do Caí).
GEILE MUSIK - Na sua comunidade sobre música alemã no Orkut, há bastante material compartilhado entre os membros. Quais artistas e/ou gêneros mais compartilhados?
PIO RAMBO - Por incrível que pareça, as músicas de Oktoberfest são o carro-chefedos pedidos musicais, seguidas de sucessos inéditos ou do momento. Só que os lançamentos não compartilho e sugiro tentar comprar o disco ou encontrar em sites como o Emule. Além disto, muitos querem os sucessos eternos como Lili Marleen ou Heimweh.
GM - Há quanto tempo o programa Hallo Freunde está no ar?
PIO RAMBO - O programa Hallo Freunde está no ar desde o dia 21 de julho de 2000, portanto, há quase 8 anos. Primeiro, apresentava o programa em emissora comercial na cidade vizinha de Montenegro e atualmente (há 4 anos) na RCC - Rádio Comunitária Caiense. Aqui, meu maior desafio foi conquistar os ouvintes de nossa cidade (São Sebastião do Caí - RS), os quais em sua maioria são descendentes de portugueses. Descendentes de alemães aqui são em torno de 15%. A fórmula foi descrever, em português, o conteúdo da canção. A fórmula deu certo e hoje, o programa é um dos de maior audiência na emissora.
GM - Mesmo com o avanço das Novas Tecnologias, houve alguma música ou álbum de um determinado artista que foi muito difícil de obter?
PIO RAMBO - Sim. 2 exemplos: Beatles cantando em alemão (Sie liebt dich - She love's you e Komm gib mir deine Hand _ I wanna hold your hand), o grupo sueco ABBA cantando em alemão, também o grupo inglês Pussycat cantando em alemão e a banda sueca Vikingarna que, depois, seriaVikinger. Além disto, bandas holandesas cantando em alemão são difíceis de conseguir.
GM - Muito se fala na "nova onda alemã" da música. Artistas e bandas como Wir Sind Helden, die Ärtze, In Extremo, Juli e Xavier Naidoo são parte da grande indústria fonográfica atual. Qual seria sua análise sobre esses artistas? Você acredita que a influência das músicas norte-americanas quebrou a "identidade" da música alemã?
PIO RAMBO - Sobre as novas tendências alemãs acho que são bem vindas, afinal, são grandes cantores e bandas que enriquecem o mundo musical com sua arte, especialmente o sul africano Xavier Naidoo tem um estilo único de cantar. Faltaram em sua citação estrangeiros como a indiana Belsy e oargentino Semino Rossi os quais marcaram época nos meios musicais alemães.Acho que a música norte americana teve sua influência no meio alemão entre os anos 50 e 70, mas depois perdeu força e a música genuína alemã novamente emplacou.
GM - Recentemente, o cantor norte-americano Seal declarou numa coletiva, em São Paulo, que o alemão "fica ruim em música romântica" porque o idioma alemão "não é belo". Existe ainda uma resistência por parte dos alemães em relação à sonoridade do idioma? Como está indo a música romântica alemã em termos de mercado?
PIO RAMBO - É um fiasco a declaração deste cantor. Vê-se que ele não entende nada de música alemã. A música romântica alemã é cândida, doce, envolvente, sempre dirigida a uma pessoa, a um momento, a uma memória ou a uma situação, no que a língua alemã complementa o momento em si com seu sotaque. Tem enésimas canções alemães românticas, muito melhores que as mais famosas dos EUA, só que não foram expostas na mídia e não se tornaram produto de mercado e vendagem. Ele [Seal] com certeza nunca ouviu a canção do Freddy Breck que se chama Im Schattender Alte Kastanien - à sombra das velhas castanheiras, uma canção românitica onde ele conta que levava sua namorada para confidenciaremseus mais íntimos segredos à sombra das velhas castanheiras e hoje, todas às vezes em que volta para aquele lugar e senta naqueles bancos, lembra da amada. É muito profunda a letra, bem melhor que 'Only You' ou "The Great Pretender".
GM - Qual artista você recomendaria para alguém que não conheça nenhuma música alemã?
PIO RAMBO - Recomendo pelo estilo irreverente de ser: Wolfgang Petry, Christina Stürmer, Seeed, Die Paldauer, Nockalm Quintett. Para os mais jovens: Rammstein, Virginia Jetzt, Yvonne Catterfeld.
GM - Na sua opinião, os descendentes de alemãs no Brasil, mais especificamente no estado do Rio Grande do Sul, ainda continuamligados à música Volk ou a música contemporânea já ganhou espaço?
PIO RAMBO - Os descendentes de alemães aqui no RS normalmente curtem mais a volksmusik, mas a música contemporânea chamada de Schlager também os sensibiliza.
GM - Apesar da grande comunidade no Sul do país, existe muita procura de brasileiros de outros estados sobre música alemã?
PIO RAMBO - Sim, tenho muitas pessoas no Brasil e no mundo inteiro ligadas à música alemã
GM - E em relação às músicas dançantes, quais artistas mais populares?
PIO RAMBO - Ballermann, Anton aus Tirol, Antonia, Gaby Bagynski, Fernando Express. *
NOTA: o programa Hallo Freunde vai ao ar todos os domingos, às 9h.